segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Os Bolos D. Rodrigo



Os Bolos D. Rodrigo
O Algarve tem uma muito rica e variada doçaria e eu, não sei porquê, tenho-me lembrado muito dela nesta Quaresma, principalmente dos bolos D. Rodrigo. Quem foi Dom Rodrigo? Este, Dom Rodrigo António de Noronha e Menezes, foi 40.o Governador do Algarve, na segunda metade do século XVIII. Os Governadores do Algarve tinham moradia oficial no Palácio dos Governadores de Lagos e no Castelo habitava o Alcaide da cidade, ambos dentro das muralhas de Lagos. Lagos foi elevada a capital do Algarve de1573 a 1762. Dom Rodrigo foi Governador do Algarve de um de Abril de 1754 até ao ano de 1762. Quando aconteceu o terramoto que arrasou Lagos no dia 01 de Novembro de 1755 e o maremoto que a cobriu completamente com a água do mar, Lagos ficou inabitável. Dom Rodrigo e a sua família estavam fora de Lagos e assim se salvaram. Quando chegaram, Dom Rodrigo enviou a sua família para Lisboa e ficaram ele e as suas tropas a limpar a cidade. As necessidades eram imensas e não havia dinheiro do reino, pois também Lisboa tinha ficado completamente arrasada. Com tantos pedidos e sem possibilidades de satisfazê-los, Dom Rodrigo entrega o seu cargo de Governador do Algarve ao rei Dom José I, em 1762. Este aceitou-o e extinguiu-o, passando a haver também no Algarve o cargo de Governador de Armas do Algarve que já havia para as outras províncias de Portugal. 
Os bolos D. Rodrigo que estão na origem desta confraria têm o seu surgimento no dia 01 de Abril de 1754, data da recepção oferecida pelo Alcaide de Lagos ao Governador do Algarve, Capitão-General D. Rodrigo António de Noronha e Menezes que tomava posse. Além da recepção festiva na sua chegada e da sua família a Lagos também houve um almoço-recepção no castelo do alcaide com a presença de todas as edilidades mais importantes de Lagos e arredores. As freiras do Convento do Carmo de Lagos, as Irmãs Carmelitas, também quiseram presentear o Governador do Algarve que tomava posse e, com a permissão do alcaide trouxeram para a mesa duas grandes e ovais travessas de prata de BOLOS D. RODRIGO e a Madre Superiora Carmelita, também convidada, explicou a D. Rodrigo estes bolos que lhe ofereciam, criados para esta ocasião e que foram denominados BOLOS D. RODRIGO. A doceira-mor e a cozinheira-mor do castelo ficaram descontentes, pois estes bolos foram muito apreciados por todos e louvados em detrimento de todos os outros apresentados pela doceira-mor.
Assim os BOLOS D. RODRIGO são bolos conventuais, criados no Convento do Carmo sediado em LAGOS, Portugal pelas Irmãs Carmelitas deste convento para o dia 01 de Abril de 1754 e percorreram os tempos até aos nossos dias muito apreciados por todos. Por isso esta é uma data a comemorar pela confraria.
Actualmente, século XXI, este bolo está a ganhar projecção nacional e internacional. Então chegou a hora de identificá-lo de forma correcta.
Se utilizarmos a sua designação completa como se faz com os bolos de outras regiões, por exemplo: o pastel de Belém ninguém o designa por Beléns e muitos outros exemplos se pode encontrar por este país fora.
Ora os bolos D. Rodrigo podem ser designados assim que é a forma mais apropriada e, na pastelaria, pedimos assim:
1 bolo D. Rodrigo
2 bolos Dom Rodrigo
3 bolos D. Rodrigo
........
mas é nosso costume encurtar tudo o que se diz de modo que a mensagem que se quer passar, chegue mais depressa ao receptor. Neste caso podemos omitir bolo(s) porque este significante é claro para a empregada da pastelaria e assim podemos dizer em português corrente
1 Dom Rodrigo
2 D. Rodrigo
3 D. Rodrigo
.......
porque o plural que advém da quantidade desejada só se pode aplicar ao significante “bolo” e não ao nome próprio que o identifica – D. Rodrigo,

É característica da doçaria algarvia ser confeccionada com amêndoa, calda de açúcar, fios de ovos, muitas gemas de ovos, …

De entre os bolos da nossa doçaria, gostaria de destacar:
  • as castanhas de amêndoa;
  • os florados de Lagoa;
  • os almendrados;
  • os figos de amêndoa e chocolate;
  • o tutano celeste;
  • o morgado de figo;
  • a amendoada;
  • os queijinhos do céu;
  • o morgado de Silves;
  • o bolo mimoso;
  • os bolos D. Rodrigo, naturalmente.







Naturalmente, porquê? Porque estes bolos, feitos com fios de ovos, amêndoas raladas, calda de açúcar, gemas e canela são envolvidos em papel vegetal e colocados em quadrados de folha de estanho, vulgarmente conhecida por “pratas”, que lhes dão uma forma final singular e única e a terra de origem destes bolos maravilhosos é  LAGOS.
Então com muito gosto partilho convosco estas fotos e espero a vossa vinda às nossas pastelarias onde não tenho qualquer participação financeira, mas tenho a certeza que se vão deliciar.
Sobre os morgados, antigamente as cores que os morgados orgulhosamente exibiam eram tal e qual telas pintadas a aguarela, suaves e súbtis, simplesmente delineadas, onde os tons primários do doce fino (perolado) prevaleciam na maior parte da superficie dos morgados. Os tons pastel continuam a ser os mais apelativos a degustar neste manjar dos deuses de sabor bem personalizado, quando confeccionado com amêndoas algarvias.

Estes morgados de amêndoa são recheados com fios de ovos, ovos moles e gila.
BIBLIOGRAFIA

(PAULA, Rui M.; Lagos – evolução urbana e património; edição de Câmara Municipal de Lagos; Lagos, Outubro de 1992, p.364)


http://goo.gl/RSVXh5    site da Confraria dos Bolos D. Rodrigo, Lagos, Portugal


Os meus filmes

1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv          http://www.youtube.com/watch?v=NtaRei5qj9M&feature=youtu.be
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
4.º – Natal de 2012
5.º – Tempo de Poesia

Os meus blogues

--------------------------------------------
http://www.passo-a-rezar.net/       meditações cristãs
http://www.descubriter.com/pt/             Rota Europeia dos Descobrimentos
http://www.psd.pt/ Homepage - “Povo Livre” - Arquivo - PDF
http://www.radiosim.pt/        18,30h – terço todos os dias
(livros, música, postais, … cristãos)
http://www.livestream.com/stantonius         16h20 – terço;  17h00 – missa  (hora de Lisboa)        http://www.santo-antonio.webnode.pt/

Sem comentários:

Enviar um comentário